O símbolo caracterizado por uma fita com várias cores de formatos de quebra cabeça é o símbolo da campanha que visa conscientizar as pessoas sobre o Transtorno do Espectro Autismo (TEA). Várias cores... várias diversidades, várias complexidades é assim que o Autismo é apresentado.
Também chamado de Desordens do Espectro Autista (DEA ou ASD em inglês), recebe o nome de espectro (spectrum), porque envolve situações e apresentações muito diferentes umas das outras, numa gradação que vai da mais leves à mais grave. Todas, porém, em menor ou maior grau estão relacionadas, com as dificuldades de comunicação e relacionamento social.
O autismo do termo foi usado primeiramente pelo psiquiatra Eugen Bleuler em 1908. Usou-o para descrever um paciente esquizofrénico que se retirasse em seu próprio mundo. A palavra Grega “autós” significou que o auto e a palavra “autismo” estiveram usados por Bleuler para significar a autoadmiração mórbido e a retirada dentro do auto.
Os pioneiros na pesquisa no autismo eram Hans Asperger e Leão Kanner. Estavam trabalhando separadamente nos anos 40. Asperger descreveu crianças muito capazes quando Kanner descreveu as crianças que eram severamente afetadas. Suas opiniões permaneceram úteis para médicos para as próximas três décadas.
E por isso as crianças com grande desenvolvimento cognitivo no autismo denominamos “Asperger”, dando o nome do pesquisador.
O autismo foi reconhecido como um transtorno de desenvolvimento e incorporado ao DSM em 1980 como um distúrbio que afetava múltiplas áreas de funcionamento do cérebro. E, apenas em 1993, que a síndrome foi adicionada à Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde.
Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, o autismo não é uma doença e sendo assim, também não tem cura. O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma condição relacionada ao desenvolvimento do cérebro que afeta a forma como uma pessoa percebe o mundo e se socializa.
Transtorno do espectro é um transtorno mental que inclui uma variedade de condições associadas, por vezes, também inclui sintomas e características singulares. As diferentes condições de um espectro geralmente possuem uma semelhança ou provavelmente são causadas pelo mesmo mecanismo.
QUANDO DESCONFIAR QUE MEU FILHO TEM TEA?
Quanto mais cedo os pais perceberem um comportamento diferente em seu filho, seja aos 6 meses de idade, procure ajuda, não espere, não aguarde, quanto mais cedo melhor. Mas geralmente os pais começam a notar as dificuldades em seu filho por volta dos 2 anos de idade.
POR QUE ANJO AZUL?
Este termo é usado para caracterizar a maior incidência em meninos do que em meninas, e o termo anjo; por serem pessoas muito especiais.
QUAL A INCIDÊNCIA DO TEA NO MUNDO?
Qual a incidência do TEA no Brasil?
A estimativa é que existam 70 milhões de pessoas no mundo com autismo, sendo 2 milhões delas no Brasil; (dados de 2019).
Quais são os sintomas que eu devo ficar atento?
Cada criança é única, mas aqui vou listar os sintomas mais frequentes.
Não olhar nos olhos ou evitar olhar nos olhos, mesmo quando alguém fala com a criança, estando bem próximo;
Risos e gargalhadas inadequadas ou fora de hora;
Não gostar de carinho ou afeto e por isso não se deixar abraçar ou beijar;
Dificuldade em relacionar-se com outras crianças, preferindo ficar sozinho em vez de brincar com elas;
Repetir sempre as mesmas coisas, brincar sempre com os mesmos brinquedos;
A criança sabendo falar, prefere não falar nada e mantém-se calada por horas, mesmo quando lhe fazem perguntas;
A criança refere-se a si mesma com a palavra "você";
Repete a pergunta que lhe foi feita várias vezes seguidas;
Mantém sempre a mesma expressão no rosto e não entende gestos e expressões faciais de outras pessoas;
Não consegue fazer jogo da imitação;
Não responder quando é chamado pelo nome, apesar de não ter nenhum comprometimento auditivo;
Olhar com o canto do olho quando se sente desconfortável;
Quando fala, a comunicação é monótona;
A criança não tem medo de situação perigosas, como atravessar a rua sem olhar para os carros, chegar muito perto de animais aparentemente perigosos, como cães de grande porte, aparenta não ter medo de altura e nem de locais muito quentes;
Ter brincadeiras estranhas, dando funções diferentes aos brinquedos que possui;
Brincar com somente uma parte de um brinquedo, como a roda do carrinho, por exemplo, e ficar constantemente olhando e mexendo nela;
Aparentemente não sentir dor e parecer gostar de se machucar ou de machucar os outros de propósito, sendo extremamente fortes;
Levar o braço de outra pessoa para pegar o objeto que ela deseja;
Olhar sempre na mesma direção como se estivesse parado no tempo;
Ficar se balançando para frente e para trás por vários minutos ou horas ou torcer as mãos ou os dedos constantemente;
Dificuldade para se adaptar a uma nova rotina ficando agitado, podendo-se auto agredir ou agredir os outros;
Ficar passando a mão em objetos ou ter fixação por água;
Ficar extremamente agitado quando está em público ou em ambientes barulhentos.
Andar constantemente na ponta dos pés;
Ansiedade;
Falta de empatia;
Sensibilidade ao som ou tique;
Atraso de fala ou dificuldade de aprendizagem;
Distúrbio da fala ou perda da fala;
Gritos;
Hiperatividade;
Imitação involuntária dos movimentos de outra pessoa;
Apreciação por alimentos específicos;
Entre outros tantos sintomas.
Lembrando, nem todas essas características estarão presentes em único individuo; mesmo porque cada ser é único, e deve ser avaliado dentro desta globalidade.
Qual especialista procurar?
O primeiro profissional acionado sempre é o pediatra, pois este é o que mais tem contato direto com os pais e familiares, devido as consultas rotineiras. E este deve fazer a escuta dos pais de maneira bem criteriosa e particular, pois nem toda característica será relacionada ao autismo. Dado a este fato este profissional fará uso de exames e de outros profissionais.
Mas existe um exame que detecte o TEA?
Não.
Existe uma avaliação multidisciplinar que deve ser feita, com uma série de exames e avaliações comportamentais. Sem elas não temos como fechar um diagnóstico. E não é de forma imediata que se terá este diagnóstico. Requer uma série de sessões para fechamento do quadro.
Os pais neste momento devem se manter menos ansiosos, pois somos muito imediatistas, queremos respostas prontas e rápidas, mas infelizmente para termos a certeza, precisamos de tempo. E é esse diagnóstico que nos levará as terapias que poderão ajudar esta criança em sua vida.
QUAIS TERAPIAS MAIS INDICADAS?
Nem todos os pacientes farão uso de todos os profissionais a seguir:
fonoaudiólogo que poderá acompanhar a criança no desenvolvimento da linguagem não-verbal e verbal;
terapia comportamental;
ludoterapia, ou seja, por meio de jogos e brinquedos o terapeuta trabalha a interação social e o contato visual da criança;
terapia familiar;
análise aplicada de comportamento, com o objetivo de amenizar determinados comportamentos nocivos e estimular outros;
processamento sensorial;
grupos de habilidades sociais para praticar as interações sociais do dia a dia e melhorar o comportamento social;
psicoterapia;
equoterapia;
medicamentos que, embora não sejam específicos para o autismo, ajudam com possíveis problemas emocionais comuns no espectro como ansiedade, hiperatividade, ataques de raiva, impulsividade, agressividade e alterações de humor.
Lembrando que além de variadas terapias, o paciente deverá sempre ser acompanhado por um pediatra, um neurologista e um psiquiatra.
QUANTO TEMPO DE TERAPIA?
Não falamos em tempo na terapia, falamos em melhora do paciente. Autismo não tem cura, por não ser uma doença e sim uma característica. Com isso, esta alta terapêutica virá quando pudermos avaliar melhoras globais no paciente, e que ele já tenha habilidades suficientes para viver de forma individual.
Um anjo em nossas vidas
Davi, meu afilhado e priminho, amor mais puro e genuíno é um anjo azul.
Por mais que eu tenha atendido dezenas de crianças com TEA, é muito diferente quando esta criança faz parte de seu círculo familiar.
Você, como profissional da área da saúde e com formação em fonoaudiologia, especialista em distúrbios da comunicação, com muitos cursos em Intervenção ABA para Autismo; nada disso valia no momento do diagnóstico. Você se torna uma pessoa impotente.
O que eu poderia fazer?
Ajudar na busca dos melhores profissionais da equipe multidisciplinar.
Mas por que eu não poderia fazer parte desta equipe?
Eu como familiar, não seria o mais indicado. Temos que neste momento deixar a cargo de profissionais que possam fazer esta escuta sem interferências. Sem interferências dos nossos achismos, dos nossos corações fragilizados, e claro sem também a cobrança de um atalho, para algo que não pode ser atalhado.
É um desafio do calar-se e do esperar-se.
Aos 11 meses eu estava na casa do Davi, e comecei a brincar com ele como sempre fiz. Mas comecei a ter um olhar mais atento, e claro que fonoaudiológico. Ele começou a não ter mais uma atenção ao chamar, no brincar estava com dificuldade no jogo da imitação e de concentrar-se os seus olhos nos meus olhos. Mas só isso não bastava. Não é só isso que faz um diagnóstico.
Autismo é uma doença de multifacetada. O que um paciente tem, não necessariamente o outro terá.
Ali foi um “start” no caminho de um futuro diagnóstico.
Davi é uma criança hoje com seus 6 anos, muito ativa, se faz entender dentro da sua linguagem não verbal, está na escola regular, e faz várias terapias.
E até quando será assim?
Até que o Davi se torne independente.
Este é o sonho e o desafio.
E eu tenho fé e certeza que Davi vai conseguir, ele é determinado, forte e inteligente.
E além de tudo... um gato!
Indicação de Vídeos:
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Indicação de Filmes e Séries:
Farol das Orcas (2017)
Em um mundo interior (2018)
Temple Grandin (2010)
Tão forte e tão perto (2012)
Tudo que quero (2017)
Gilpert Grape – Aprendiz de sonhador (1993)
Mary e Max: uma amizade diferente (2009)
Sei que vou te amar (2007)
Missão especial (2004)
Atypical (2019)
Flutuar (2020)
Fitas (2020)
Forrest Gump” (1994)
Gilbert Grape – aprendiz de sonhador
Rain Man (1999)
The Good Doctor: O Bom Doutor (2017)
Indicação de Livros:
Espero que esta matéria tenha lhe ajudado em algo.
Espero pelos seus comentários.
Luciana
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